A inflação, a taxa Selic e o seu bolso

A inflação, a taxa Selic e o seu bolso

Taxa Selic em 13,75%: entenda como a alta dos juros afeta o custo do crédito e a rentabilidade dos investimentos em um período de inflação elevada.

A inflação é o resultado do movimento de oferta e procura de produtos e serviços. Há muitos elementos que influenciam a inflação. Um bem importante é o preço de matérias-primas e mercadorias de consumo mundial – as chamadas commodities, como o petróleo e o trigo. A escassez desses produtos, ou até mesmo o risco de escassez, como vimos durante o conflito no Leste europeu, pode elevar o valor desses produtos no mercado internacional, com reflexos no custo de vida dos brasileiros. 

Outro fator está relacionado ao nível de produção interna de determinados itens. Imagine, por exemplo, que a produção de feijão tenha sido muito alta. Os produtores levam o feijão ao mercado para vender, mas as pessoas não conseguem comprar tudo o que é produzido – a oferta é maior do que a procura. Por isso, sobra feijão e os produtores precisam diminuir o preço. Quando a maioria dos preços cai, a inflação diminui. Ao contrário, quando todo mundo quer comprar algo que está em falta – a procura é maior do que a oferta –, os preços sobem e a inflação aumenta.

Mesmo quando o índice geral da inflação está sob controle, os preços de alguns produtos sobem mais do que outros, devido às oscilações de mercado. Se o preço da carne subir e o do feijão cair, por exemplo, a média geral pode ficar mais baixa, pois a carne não é consumida tão frequentemente quanto o feijão. Mesmo assim, para as famílias que comem carne todos os dias, a sensação é de inflação alta.

Dinâmica dos juros: o que é e para que serve a Selic

Para segurar a inflação e evitar que os preços subam ainda mais, o Banco Central aumenta a Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela serve como referência para as demais taxas de juros que os bancos cobram quando você usa o crédito, como o rotativo do cartão e o cheque especial.

Em 2016, por exemplo, quando a inflação chegou a 10% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou os juros, e a Selic chegou a 14,25%, uma das mais altas da história. Depois, a taxa viveu um período de queda acentuada e, em 2020, atingiu o menor patamar (2%) desde a sua criação.

Em 2021, voltou a subir. Começou o ano em 2%, bateu a casa dos 4,25% em junho e, em outubro, já estava em 7,75%. Em 8 de dezembro, o Copom elevou a taxa para 9,25%. Tudo para conter a demanda de consumo e, assim, controlar a alta da inflação, que fechou o ano em 10,06%, de acordo com a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Em 2022, já foram cinco aumentos: a Selic passou a 10,75% ao ano em fevereiro, pulou para 11,75% em março e foi elevada a 12,75% em maio. Em junho, chegou a 13,25% e, em agosto, subiu para 13,75%. Com isso, os juros básicos da economia chegaram ao maior patamar dos últimos cinco anos.

Como os juros altos afetam o seu bolso

Crédito mais caro

Um dos efeitos da pandemia foi o aumento da inadimplência, o que elevou as taxas de juros do crédito. Assim, quem precisa de financiamento ou empréstimo paga mais caro pelo crédito tomado. Com as taxas de hoje, por exemplo, uma pessoa que comprar um celular de R$ 500 no cartão de crédito e ficar um ano sem pagar a fatura irá acumular uma dívida de R$ 2.346,60 ao final de 12 meses, considerando uma taxa de juros de 369,32% ao ano (Fonte: Banco Central).

Melhor rendimento nos investimentos em renda fixa

As taxas de juros elevadas são boas para quem investe, pois o rendimento das aplicações em renda fixa cresce. Com a Selic em 13,75%, aplicando hoje R$ 500,00 no Tesouro Selic 2025, por exemplo, que vence em 01/03/2025, você terá R$ 617,91, já descontado o imposto de renda.

O novo patamar de juros também influencia o rendimento da poupança e logo vem a pergunta: com a Selic em 13,75% ao ano, vale a pena voltar a pôr dinheiro na poupança? Toda vez que a taxa Selic fica acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 6,17% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR), fixada pelo Banco Central em 0,2409% para o período de 1 de agosto a 1 de setembro de 2022.

Ou seja, o rendimento da poupança cresce, mas continua perdendo feio da inflação acumulada nos últimos 12 meses, que está em 11,89%. Por isso, é bom pesquisar outras opções de investimentos, olhando três aspectos: a rentabilidade prometida, a taxa de administração cobrada e os impostos que incidem sobre a aplicação.

A poupança tem um atrativo que é a isenção de imposto de renda e do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Mas, mesmo descontando essas taxas, há aplicações que apresentam melhor rentabilidade. Entenda melhor como funcionam os impostos sobre investimentos financeiros e conheça outras alternativas de aplicações de renda fixa.

Mas e a inflação?

E se o preço do celular subir? É aí que está o pulo do gato: quando muita gente resolve esperar o preço baixar antes de comprar, ele acaba caindo mesmo. Lembra da lei da oferta e procura? Se tiver muito celular em oferta, só resta aos vendedores reduzir o preço. E com dinheiro no bolso, fica mais fácil para você negociar.

Então, fica a dica… 

Pense bem antes de comprar e aproveite as taxas de juros a seu favor, adiando aquelas compras não tão urgentes e investindo o seu dinheiro. Assim ele rende mais e você mantém seu bolso em dia.

Como a inflação mexe com o rendimento dos investimentos?

(conteúdo produzido pelo portal Porque.com.br)

A inflação corrói a remuneração de aplicações financeiras prefixadas, isto é, aquelas cuja taxa de juros é determinada no momento da contratação e não sofre ajustes depois. Isso porque, com a passagem do tempo, os preços também tendem a subir e o custo de vida a aumentar, fazendo com que o poder de compra do dinheiro encolha.

Taxas de juros são expressas em porcentagem. Elas indicam quanto o dinheiro crescerá ao longo do tempo. Por exemplo, suponha que você coloque R$ 1.000 em um investimento que promete pagar 10% depois de um ano. Ao fim desse período, você terá R$ 1.100, isto é, seu dinheiro crescerá exatamente 10%.

O problema é que o poder de compra do dinheiro está diminuindo ao longo do tempo por causa da inflação. Como consequência, a quantidade de coisas que seus recursos conseguem cobrar se reduz, de modo que o retorno real do investimento é menor do que 10%.

A taxa que mencionamos acima (os 10% no exemplo) é a chamada de taxa de juros nominal, e ela compara valores monetários ao longo do tempo. Já a taxa de juros real indica como o poder de compra do dinheiro evolui no tempo. Ela, assim, expurga o efeito da inflação.

Em termos aproximados, a taxa de juros real é igual à taxa de juros nominal menos a taxa de inflação. Note que, se a inflação for maior do que a taxa de juros nominal, a taxa real será negativa. Isto é, o retorno do seu investimento não será suficiente para compensar a inflação. Após um ano, seu dinheiro comprará menos coisas do que inicialmente.

É justamente o que notamos recentemente no Brasil (e em diversas partes do mundo) com a espetada na inflação. Suponha que, no início de março de 2021, você tenha comprado um título do governo brasileiro com remuneração igual à taxa Selic – que naquela época era 2,75% ao ano. Nos 12 meses seguintes, a inflação foi 12,13%, isto é, o rendimento real do investimento foi igual a incríveis -9,38%.

Obviamente, muito desse movimento na inflação foi inesperado. Caso contrário, os investidores não aceitariam uma Selic tão baixa, e o Banco Central seria incapaz de sustentar este patamar. Gargalos no comércio mundial, guerra na Ucrânia, instabilidade política interna, enfraquecimento do arcabouço fiscal e consequente desvalorização do real – muito disso não estava no radar.

Isso nos traz a uma importante distinção. A taxa de juros real acima que mencionamos é a taxa ex-post, e mede a variação efetiva do poder de compra ao longo do tempo. Para calculá-la utilizamos a taxa de inflação observada no período. O problema é que, quando a aplicação é contratada, o investidor não sabe qual será a inflação no futuro.

Já a taxa de juros real ex-ante leva em conta esse fato, pois baseia-se em medidas de expectativa de inflação. Ela é a taxa de juros nominal menos a taxa de inflação esperada. No gráfico abaixo, mostramos dados dessas duas taxas de juros reais para a economia brasileira entre janeiro de 2019 e abril de 2022. A taxa de juros nominal é a Selic no primeiro dia útil de cada mês, a inflação é a variação do IPCA 12 meses à frente, e a inflação esperada vem do relatório Focus do Banco Central, e reflete opiniões de agentes do mercado financeiro e consultorias econômicas para a inflação nos próximos 12 meses.

Note que a série taxa de juros real ex-post não vai além de maio de 2021. Este é o último mês para o qual temos dados de inflação 12 meses à frente.

No gráfico, fica clara a queda nas taxas de juros reais em meados de 2020, com a reação do Banco Central à pandemia. Mas a redução na taxa de juros real ex-post é muito maior – o que indica que a inflação do período foi muito maior do que a inicialmente esperada.

E, recentemente, notamos uma subida nas taxas de juros reais. A inflação acumulada continua subindo e as expectativas acompanhando, mas isso vem sendo mais que compensado pelo movimento agressivo de subida na Selic por parte do Banco Central.

Fonte: Meu bolso em dia

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